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Histórico

     Conhecido como Rio Jurubatuba, no período colonial, o atual Rio Pinheiros é proveniente do encontro dos rios Grande e Guarapiranga. Sua denominação coetânea é derivada de um aldeamento criado pelos Jesuítas, em 1560, chamado de Pinheiros, cujo acesso se dava pelo Caminho de Pinheiros, hoje, Rua da Consolação.
     Aos poucos, suas margens foram sendo ocupadas. Em 1607, iniciou-se a produção de ferro no sítio Virapoeira. Dentre os proprietários dessas terras, estavam o bandeirante Paes Leme, o sertanista Afonso Sardinha e Bento Amaral e Silva. Com a tomada destes terrenos, os índios foram expropriados de suas terras. (São Paulo, 2014a)
     No início do século XX, imigrantes, italianos e japoneses, passaram a se instalar nas margens do rio, aproveitando de suas características para fins econômicos. Nesta mesma época, a Brazilian Traction Light & Power Co. Ltd, a Light, lutava pela concessão do vale do rio Pinheiros, com o objetivo inicial de aumentar a geração de energia hidro-elétrica.
    Nos anos 20, a empresa convidou o engenheiro Asa White Kenney Billings, para auxiliar o processo de urbanização das várzeas do rio. O Rio Pinheiros determinava o limite da cidade, e para expandí-la, seria necessário gerar mais energia. Aproveitando-se da capacidade hídrica da região, Billings construiu duas barragem (Guarapiranga e Billings), uma usina elevatória (Traição) e uma comporta próxima ao Rio Tietê, que invertiam o sentido do rio, direcionando-o à queda na Serra do Mar. Assim instalou-se a Usina Elétrica Henry Borden.
(São Paulo, 2014b)
   Em 1927, pela Lei 2.249, foi concedida à Light o direito de canalizar, alargar, retificar e aprofundar os leitos dos rios Pinheiros e seus afluentes Grande e Guarapiranga e a jusante das respectivas zonas inundáveis. A Lei declarava de utilidade pública os terrenos e outros bens indispensáveis à construção de todas essas obras, e de necessidade pública as áreas atualmente alagadiças, ou sujeitas à inundações, saneadas ou beneficiadas em consequência dos serviços de que se tratava. À Ligth, foi cedido o direito de desapropriação dos bens e terrenos para realização das obras, mas para exercê-lo deveria submeter à prévia aprovação do Poder Executivo as plantas a executar. Como ressalta a geógrafa Odette Seabra “ao se atribuir às terras da zona inundável o caráter de ‘necessidade pública’ deixava-se em abstrato a sua utilidade, não se especificando uso”. A Light poderia, por processos de desapropriações, apropriar-se dessa terra beneficiada, sendo obrigada a vendê-las, pois haveria benefícios decorrentes das obras em projeto. (SEABRA, 1987)
   Em 1929, acontece a pior enchente na cidade de São Paulo. Primeiramente atribuída às chuvas nas cabeceiras dos rios, as matérias publicadas na imprensa levaram à conhecimento público a abertura das represas e evidenciaram o lançamento das águas da Guarapiranga pelo ladrão. As enchentes de 1929 tornaram oficiais os limites de terras sob propriedade da Light.
    A partir da década de 30, alegando poder acabar com as enchentes, drenar as várzeas e incorporá-las ao espaço urbano e canalizar as águas para o reservatório Billings, a Light instituiu as obras de retificação do Rio Pinheiros, que duraram até o fim dos anos 50.
Dando seguimento às copiosas ingerências em suas margens, temos a canalização, construção de vias expressas (como a Marginal Pinheiros), o sistema de esgoto (que recebe dejetos de cerca de 400mil famílias e efluentes de 290 indústrias).
(São Paulo, 2014a)
    O rio foi isolado da população. Antes mesmo da poluição. A afetividade da população é comprometida por anos e anos de intervenção. O semióforo, aquele valor que não se é medido, seu significado simbólico, o signo que advém do passado, encontra-se umbrático naqueles que ainda se atrevem a olhar pra ele. (Chauí, 2011)

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