Como explicado no caderno-presente, mapeando o curso natural do rio Pinheiros e histórias que aconteceram nas suas margens, conseguimos devolver às ruas de São Paulo fatos ocorridos na época. Feito isso, sentimos a necessidade de devolver essas histórias para o rio Pinheiros.

   Num primeiro momento, surgiu a ideia de projetar as frases elaboradas diretamente no rio que, por ser um rio de planície sua água escorre lentamente e funciona como uma “tela”. Pelo mesmo motivo, ele acaba se tornando um espelho natural e reflete o que está ao seu redor e em suas margens. Para refletir essas palavras poderíamos construí-las na margem do rio Pinheiros com suportes transparentes. Elas seriam escritas de cabeça para baixo, de modo que só fariam sentido se fossem lidas em suas águas, induzindo a população que passa por ali diariamente a olhar para o reflexo das letras e das suas ações sobre o Pinheiros.

   Continuando as conversas sobre o tema, desenhamos em nossas páginas em branco, uma idéia que surgiu a partir do momento de magia de final de ano que estamos vivendo agora. Em algum momento da vida, nos vemos enfrentando trânsito e um mundo gente para ver, mesmo que de longe, grandes árvores de natal com luzes coloridas, fontes jorrando água com projeções gigantescas ou não, mas querendo viver o mesmo clima festivo. É lindo pensar nos olhos das crianças brilhando ao ver tanta luz e magia. Mas e se este olhar fosse para um lugar que todos passam diariamente, mas ninguém vê? Será que se esta mesma fonte de luz e magia estivesse no meio do Rio Pinheiros, atrairiam tantos olhares assim? É isso que queremos experimentar.
   Pensando em nosso objetivo inicial: “O que você vê no rio?”. Não seria isso que faria com que as pessoas notassem um rio de tamanha importância para a cidade, de tamanho conteúdo histórico que poucas pessoas conhecem. Muita gente não vê o rio como parte da cidade, mesmo passando por ele diariamente. Outra pergunta do nosso projeto: “As pessoas deixaram de valorizar o rio por que ele ficou sujo ou ele ficou sujo por que as pessoas deixaram de valorizar o rio?” Será que nosso projeto de fonte iluminada seria uma maneira de atrair olhares para esta realidade?